As doenças mais comuns na Idade Média
História

As doenças mais comuns na Idade Média

A Idade Média foi marcada por intensas transformações sociais, religiosas e culturais, mas também por uma dura realidade: a proliferação de doenças e epidemias.

Em uma época em que a medicina ainda era rudimentar e influenciada por crenças religiosas, muitas enfermidades se espalhavam sem controle, sendo mal compreendidas e, muitas vezes, associadas a punições divinas ou influências sobrenaturais.

Escorbuto

O escorbuto é uma doença causada pela deficiência de vitamina C (ácido ascórbico), essencial para a produção de colágeno no organismo. Na Idade Média, embora não se soubesse a origem da enfermidade, ela afetava soldados em campanhas longas e mais tarde se tornou comum entre marinheiros em viagens prolongadas sem acesso a frutas frescas.

Na época, o escorbuto era visto como uma praga misteriosa que fazia os dentes caírem, causava feridas abertas e levava à morte lentamente.

A cura só começou a ser entendida no século XVIII, quando o médico naval James Lind, em 1747, demonstrou que o consumo de limões e laranjas prevenia os sintomas — embora isso tenha ocorrido séculos após os primeiros surtos medievais.

Peste Negra

A Peste Negra, ou peste bubônica, foi a mais devastadora das epidemias medievais. Entre 1347 e 1351, estima-se que tenha matado mais de 25 milhões de pessoas só na Europa, ou cerca de um terço da população do continente.

Causada pela bactéria Yersinia pestis e transmitida por pulgas de ratos, a doença provocava febre alta, calafrios, vômitos e inchaços dolorosos chamados “bubões”.

Na Idade Média, muitos acreditavam que se tratava de um castigo divino pelos pecados da humanidade, o que levou a perseguições religiosas e práticas de autoflagelação em busca de perdão.

Não havia cura eficaz na época. As cidades recorriam a medidas como o isolamento dos doentes e fogueiras de incenso para “purificar o ar”.

A compreensão da peste só começou a avançar com os estudos bacteriológicos do século XIX.

Lepra

A lepra, hoje conhecida como hanseníase, era uma doença temida na Idade Média. Caracterizada por lesões de pele, deformações e perda de sensibilidade, era vista como uma maldição ou sinal de impureza espiritual.

Os leprosos eram isolados da sociedade, vivendo em colônias chamadas leprosários, geralmente construídas fora das cidades. Eram obrigados a usar sinos para avisar sobre sua aproximação, em uma prática que misturava medo médico e exclusão religiosa.

Embora a hanseníase seja causada por uma bactéria (Mycobacterium leprae) e tenha tratamento eficaz hoje, na Idade Média não havia cura conhecida, e os pacientes eram mantidos longe do convívio social por toda a vida.

Varíola

A varíola era altamente contagiosa e mortal, provocando febre intensa, erupções cutâneas e cicatrizes profundas. Sua letalidade era elevada, e os sobreviventes frequentemente ficavam com o rosto desfigurado.

Na Idade Média, a varíola era atribuída à “ira de Deus” ou ao mau ar, e os tratamentos envolviam sangrias, rezas e banhos de ervas. A cura definitiva só veio com a vacinação, descoberta por Edward Jenner em 1796, ao usar o vírus da varíola bovina para imunizar humanos.

Tuberculose

Embora muito mais conhecida por sua devastação nos séculos XVIII e XIX, a tuberculose já assolava populações medievais. Era chamada de “tísica” e associada a pessoas frágeis e melancólicas.

Com sintomas como tosse com sangue, febre e emagrecimento, era muitas vezes vista como uma doença romântica, ligada a artistas e poetas. A verdadeira causa — a bactéria Mycobacterium tuberculosis — só foi identificada em 1882 por Robert Koch.

Como a medicina medieval enfrentava as doenças?

Na Idade Média, os tratamentos médicos eram baseados na teoria dos quatro humores (sangue, fleuma, bílis negra e bílis amarela), além de preceitos religiosos.

Remédios à base de ervas, sangrias, banhos e orações eram os métodos mais comuns. A medicina era praticada por monges, curandeiros e, às vezes, barbeiros-cirurgiões.

A falta de higiene também era um grande problema, o saneamento precário e o desconhecimento sobre bactérias e vírus contribuíam para a disseminação das doenças. Só com o advento da ciência moderna e da microbiologia no século XIX é que as verdadeiras causas começaram a ser entendidas e combatidas com eficácia

Você também pode gostar...

2 comentários

  1. Haroldo diz:

    Adorei o post! Parabéns pelo texto e pela pesquisa!

    1. Obrigada! Fico feliz que tenha gostado.

Deixe um comentário para Haroldo Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *