Coluna

Os muros que construímos

Você já se perguntou o que significa viver em um mundo de muros?

Eu, como muitos de vocês, nunca vivi a experiência real de ver uma cidade, um país, separado por uma parede concreta, como o Muro de Berlim. Mas quando a notícia da vitória de Donald Trump surgiu, me peguei pensando nos muros invisíveis que ainda construímos – aqueles que, mesmo não feitos de concreto, acabam separando pessoas, dividindo ideais, e criando fronteiras no coração das sociedades. Para quem viveu a época do Muro de Berlim e até hoje sente as cicatrizes, o sentimento de separação deveria ser não só emocional, como físico também.

Eram dois lados de uma mesma cidade, uma realidade duplicada, onde cada pedaço da vida cotidiana era afetado por aquela barreira. E agora, imagino que com a vitória de Trump, algumas pessoas estão sentindo um tipo de distanciamento, talvez não tão literal, mas igualmente profundo. Parece que, de repente, surgiram linhas invisíveis no mapa, dividindo os que veem o futuro de um jeito e os que o vêem de outro.

E a pergunta que fica no ar é: como estamos lidando com essa sensação de “muros” na nossa vida cotidiana? Não posso deixar de olhar para o Brasil e perceber que temos nossos próprios muros. Muros de opiniões, de ideias políticas, de valores pessoais. E embora essas barreiras possam não estar fisicamente construídas, elas moldam nossa vida de maneiras que talvez nem percebamos. Aqui, nós ainda estamos livres para escolher com quem falamos, onde trabalhamos, o que pensamos e onde vivemos.

Mas, de certa forma, essa separação de ideias nos afasta da união que faz qualquer país, qualquer grupo, mais forte. É um desafio imenso, quase uma missão, lembrar que, mesmo com diferenças, estamos todos do mesmo lado de uma linha imaginária. E isso se aplica até para as pessoas que não moram no Brasil mais, já que mesmo em outros países, essa pessoa continua sendo vista lá fora como brasileira.

Quando penso nisso tudo, meu desejo é que possamos aprender com o passado e, quem sabe, olhar para esses “muros” modernos e descobrir uma maneira de, pelo menos, tentar superá-los. Porque, ao final do dia, não importa de que lado você esteja, os efeitos dessas divisões são sentidos por todos – seja aqui no Brasil, na Alemanha ou nos Estados Unidos.

Então, meu convite é esse: que possamos, cada um de nós, encontrar formas de quebrar esses muros invisíveis. Não é fácil, eu sei. Mas talvez, ao começar pelas pequenas conversas do dia a dia, possamos construir uma ponte – uma que nos ajude a lembrar que, no fundo, somos todos vizinhos nessa cidade gigante chamada mundo.

Você também pode gostar...

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *