O futebol é um dos esportes mais populares do mundo e, ao longo de sua história, se entrelaçou com muitos aspectos da política e da sociedade, incluindo períodos tumultuados como a ascensão do nazismo.
Enquanto o Brasil se destaca por sua paixão pelo esporte, a história de alguns clubes, tanto no Brasil quanto em outros países, carrega conexões controversas com o regime nazista e o fascista.
A ascensão do nazismo no futebol
A década de 1930 foi marcada pela ascensão do regime nazista na Alemanha e por movimentos fascistas em outros países, incluindo Itália e Espanha.
Esses regimes, liderados por Adolf Hitler, Benito Mussolini e outros políticos, buscavam não só o controle, mas também uma forma de manipular a cultura e o esporte para promover suas ideologias de supremacia racial e nacionalismo.
O impacto do nazismo no futebol não foi limitado à Alemanha. Em vários países, movimentos fascistas influenciaram a formação de clubes e mudaram a dinâmica do esporte, especialmente em nações com grandes comunidades de imigrantes, como o Brasil, onde a ascensão do nazismo teve reflexos indiretos.
O caso do Palmeiras
No Brasil, um dos casos mais notáveis de conexão com o nazismo está relacionado ao Palmeiras, originalmente fundado em 1914 como Palestra Itália por imigrantes italianos.
Na década de 1930, o governo de Getúlio Vargas, alinhado com o nacionalismo e a política de aproximação com os aliados durante a Segunda Guerra Mundial, tomou medidas para reduzir a influência de países inimigos, como a Alemanha e a Itália. Essa política levou à mudança de nome de clubes que tinham fortes vínculos com esses países.
Em 1938, por conta da crescente pressão do governo brasileiro e ao contexto da guerra, o Palestra Itália foi forçado a mudar seu nome para Sociedade Esportiva Palmeiras, com o objetivo de evitar associações com o regime fascista italiano e, em alguns casos, com o nazismo.
Recentemente, o Palmeiras tem enfrentado acusações relacionadas a discursos de ódio e associações com ideologias extremistas, sendo alegações direcionadas tanto ao clube quanto à sua torcida.
Por exemplo, em setembro de 2023 o influenciador digital “Lil Vinicinho” publicou uma mensagem no Twitter associando o Palmeiras ao nazismo. Em resposta, o departamento jurídico do clube analisou a possibilidade de ações legais contra o influenciador por difamação.
Além disso, o clube e seus torcedores têm sido alvo de acusações de fascismo e racismo, frequentemente associadas a discursos de ódio nas redes sociais.
E de acordo com a legislação brasileira, a apologia ao nazismo é considerada crime com penas que podem variar de dois a cinco anos de reclusão.
Outros times no Brasil
Embora o caso do Palmeiras seja o mais famoso, outros clubes brasileiros também têm histórias que envolvem o contexto político da época, embora a conexão direta com o nazismo nem sempre seja tão clara. Durante a Segunda Guerra Mundial, muitos clubes no Brasil eram compostos por imigrantes de diversos países europeus, como Itália, Alemanha e Japão. Alguns desses imigrantes possuíam simpatias por ideologias fascistas ou nazistas, mas esses aspectos eram, em sua maioria, subentendidos e nem sempre amplamente discutidos, especialmente após o fim da guerra.
Um exemplo relevante é o Clube Atlético Juventus, fundado por imigrantes italianos em São Paulo. Embora o clube não tenha sido diretamente associado ao nazismo, o contexto político da época e sua origem italiana colocam o Juventus como um exemplo de como os clubes de imigrantes poderiam ser afetados pelas ideologias fascistas que estavam em ascensão na Europa.
Clubes no mundo com conexões nazistas
No contexto global, outros clubes também tiveram conexões indiretas ou diretas com o regime nazista, seja por causa de suas origens ou pelo apoio a regimes autoritários. Um exemplo clássico é o Hertha BSC, da Alemanha, que, apesar de não ter sido diretamente influenciado pelo nazismo em sua fundação, teve seu funcionamento afetado durante o período de governo de Hitler.
Outro exemplo é o Juventus, da Itália, que foi fundado por imigrantes italianos e, durante o regime de Mussolini, era visto como um símbolo do nacionalismo italiano. Durante o fascismo, muitos clubes italianos, incluindo a Juventus, estavam intimamente ligados ao regime de Mussolini, que procurava usar o futebol como uma ferramenta de propaganda política.
A influência do fascismo no futebol europeu
Durante o período do nazismo, muitos clubes europeus, especialmente na Alemanha e na Itália, foram usados para promover ideologias fascistas e racistas. O regime de Hitler usou o futebol para promover um ideal de “pureza racial”, e muitos atletas e clubes eram pressionados a aderir a esses ideais.
No entanto, a maioria dos clubes europeus pós-guerra procurou se distanciar dessas associações, especialmente à medida que o nazismo foi derrotado e a sociedade começou a refletir sobre os horrores da guerra.
O Lazio, clube de futebol da Itália, tem uma história controversa em relação ao fascismo. Nos anos 20, quando o regime de Benito Mussolini estava em ascensão, a Lazio teve conexões com o movimento fascista, com alguns membros de sua diretoria sendo alinhados à ideologia. Em particular, a sua torcida ao longo das décadas, manteve uma associação com ideias de extrema direita, o que gerou diversos episódios de tensão e polêmica, tanto no campo esportivo quanto político.
O Hellas Verona também tem sido um time associado ao fascismo, especialmente pela postura de parte de sua torcida, que carrega simbolismos e manifestações neonazistas e ultranacionalistas.
Já o Juve Stabia é um time menos famoso, mas que tem uma história bem interessante. Ele é conhecido por um apelido bem específico: o time do bisneto de Mussolini. Além da torcida, o próprio time já foi visto comemorando gols com gestos fascistas.
Esses clubes refletem, de maneiras diferentes, como o futebol italiano se entrelaça com o legado de um dos períodos mais sombrios da história do país.