Você sabia que o nascimento do monstro de Frankenstein tem ligação direta com a explosão de um vulcão na Indonésia?
Parece ficção científica, mas é um fato histórico: um desastre natural que escureceu o céu da Europa e acendeu uma nova era na literatura.
A maior erupção da história moderna
Em abril de 1815, o Monte Tambora, na ilha de Sumbawa (Indonésia), entrou em erupção com uma força absurda, a maior erupção vulcânica registrada na história moderna.
A explosão lançou milhões de toneladas de cinzas e gases na atmosfera, o que bloqueou a luz solar em várias partes do mundo. O resultado? Uma mudança climática temporária e desastrosa.
Na Europa e nos Estados Unidos, o ano de 1816 ficou conhecido como o ano sem verão.
- As temperaturas caíram drasticamente
- Nevou no verão
- As colheitas falharam, causando fome e crise econômica
- Céus nublados e chuvas constantes tomaram conta da paisagem
Enquanto isso, nos salões aristocráticos da Europa, a elite se refugiava em casas de campo, tentando passar o tempo, e foi em um desses retiros que a literatura mundial seria transformada.
Mary Shelley e Lord Byron
Naquele verão escuro, Mary Shelley, seu futuro marido Percy Bysshe Shelley, o poeta Lord Byron e outros intelectuais estavam hospedados à beira do Lago de Genebra, na Suíça.
Presos em casa por causa do frio e da chuva incessante, o grupo decidiu contar histórias de terror para se entreter.
Lord Byron lançou o desafio: “cada um deve escrever uma história assustadora.”
Mary Shelley, então com apenas 18 anos, passou dias imersa em pensamentos sobre ciência, vida e morte, inspirada por discussões sobre eletricidade, galvanismo e o poder da criação humana.
Nessa noite de insônia, ela teve um sonho: “Vi o pálido estudante da filosofia ajoelhado ao lado da coisa que montara. Vi o horrível fantasma de um homem estendido…”
Nascia ali o embrião do que viria a ser Frankenstein, publicado dois anos depois, em 1818.
Criação de Frankenstein
Diferente do monstro verde com parafusos no pescoço dos filmes, o Frankenstein de Mary Shelley é um livro profundo, filosófico e político.
A criatura criada por Victor Frankenstein representa o medo do desconhecido, os limites da ciência e a solidão de quem é rejeitado pelo mundo. É também um grito contra o orgulho humano e as consequências de brincar de deus.
A erupção do Tambora foi um desastre real que matou milhares de pessoas e afetou o clima global por anos, mas também foi um catalisador indireto para a criação de uma das obras mais importantes da literatura moderna.
De certa forma, sem aquela explosão vulcânica na Indonésia, talvez nunca tivéssemos conhecido o monstro de Frankenstein.