Se tem uma coisa que a história nos ensina, é que a humanidade nunca soube lidar bem com epidemias.
Desde os tempos da Peste Negra até a Covid-19, a regra sempre foi a mesma: se puder, fique em casa e evite contato. O detalhe é que no século XIV a recomendação era fugir para o meio do nada e torcer para a praga não te achar.
Na Idade Média, não existia álcool em gel, mas existiam máscaras de médicos da peste, aquelas com bicos assustadores que pareciam prontos para uma festa de Halloween. A ideia era encher o bico da máscara com ervas aromáticas, acreditando que o cheiro afastaria a doença. Se isso funcionava? Provavelmente não, mas pelo menos mantinha os doentes a uma certa distância.
E o trabalho? Bom, na Peste Negra, quem podia realmente fugia. Comerciantes fechavam lojas, servos abandonavam seus senhores e cidades inteiras paravam. Mas se tinha uma categoria que nunca podia parar eram os monges copistas, que seguiam trabalhando para manter o conhecimento vivo — basicamente os primeiros adeptos do home office, só que sem wi-fi e com a constante ameaça de um abade furioso.
Séculos depois, na gripe espanhola de 1918, a história se repetiu. Pessoas trancadas em casa, escolas fechadas, negócios falindo e o jornal da época recomendando medidas sanitárias que muitos ignoravam.
Se tivesse rede social naquela época, as discussões sobre o uso de máscaras seriam parecidas com o que vimos em 2020.
Inclusive, no século XXI, nos vimos novamente presos em casa, mas com um detalhe curioso: o home office virou a nova regra. Se antes fugir para o interior era a saída dos ricos na peste medieval, agora fugir para a casa de praia virou a estratégia dos que podiam levar o trabalho junto. O problema é que nem todo mundo pode se dar esse luxo, e muitos descobriram que trabalhar de pijama tem seus limites.
Mas a grande lição? Toda epidemia muda a forma como vivemos e trabalhamos. A Peste Negra ajudou a redefinir a economia feudal, a gripe espanhola acelerou a criação de sistemas públicos de saúde e a Covid-19 mostrou que sim, reuniões poderiam ter sido um e-mail.
Se o passado nos ensinou algo, é que a humanidade sempre encontra um jeito de continuar — e que, seja copiando manuscritos ou respondendo e-mails de casa, sempre vai ter trabalho a fazer.