Porto Rico, uma ilha rica em cultura e tradição, carrega uma história marcada por colonização, repressão e resistência.
Desde a invasão dos Estados Unidos em 1898, após a Guerra Hispano-Americana, o território porto-riquenho passou por um processo profundo de americanização forçada.
Um dos aspectos mais simbólicos desse processo foi a proibição da língua espanhola em espaços oficiais e educacionais, uma tentativa de apagar a identidade cultural do povo.
A imposição dos EUA em Porto Rico
Logo após a ocupação americana, os EUA implementaram políticas que visavam substituir o espanhol pelo inglês como idioma dominante.
Durante décadas, falar espanhol em escolas era proibido, e o inglês foi imposto como língua oficial de ensino.
Essa política linguística foi um dos primeiros instrumentos usados para controlar e moldar a identidade porto-riquenha de acordo com os interesses coloniais.
A Lei da Mordaça
Em 1948, foi instituída a chamada Lei da Mordaça (Ley de la Mordaza), que tornava crime expressar qualquer ideia a favor da independência de Porto Rico.
Exibir a bandeira porto-riquenha era considerado subversivo e punível com prisão. Em resposta, o povo passou a utilizar uma versão da bandeira com o azul mais claro, uma forma sutil, mas poderosa, de resistência.
Essa lei só foi revogada em 1957, mas seus efeitos podem ser percebidos até hoje na memória coletiva da ilha.
A ocupação militar de Vieques
Outro capítulo sombrio da colonização foi a ocupação militar da ilha de Vieques pelo Exército dos EUA.
Entre os anos 1970 e início dos anos 2000, a região foi usada como campo de testes militares, com o lançamento de bombas e munições tóxicas. Como resultado, Vieques apresenta hoje uma taxa de câncer 30% maior do que no restante de Porto Rico, uma consequência direta da contaminação ambiental e negligência humanitária.
A resistência cultural de Bad Bunny
Apesar de mais de um século de domínio político, o povo porto-riquenho continua resistindo, especialmente por meio da arte e da cultura.
Um dos maiores exemplos atuais dessa resistência é o cantor Bad Bunny. Em entrevistas com veículos internacionais, ele insiste em falar apenas espanhol, mesmo quando questionado em inglês, como forma de protesto contra a imposição cultural americana.
No videoclipe da música “La Mudanza”, Bad Bunny faz referência direta à Lei da Mordaça, com cenas que lembram o passado de repressão e a luta por identidade.
Seu trabalho artístico se tornou um ato político, recuperando memórias históricas e reafirmando o orgulho porto-riquenho.
Mesmo sendo um território americano, Porto Rico não possui representação plena no Congresso dos EUA e seus habitantes não votam para presidente, o que reforça sua condição colonial.
Ainda assim, a ilha tem uma cultura resistente, onde o espanhol sobrevive como língua principal, e onde a bandeira de azul claro ainda tremula como símbolo de esperança e liberdade.
Bad Bunny no Brasil
Recentemente, Bad Bunny anunciou que virá ao Brasil, para a alegria dos fãs latino-americanos que acompanham sua trajetória artística nos dias 20 e 21 de fevereiro de 2026.
Sua presença no país é mais do que um show: é uma oportunidade de reforçar os laços culturais entre povos que compartilham histórias de resistência, identidade e orgulho.