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O turismo náutico no Brasil

Em um país cercado por mais de 7 mil quilômetros de litoral e cortado por rios, lagos e represas de beleza impressionante, o turismo náutico ainda é um tesouro pouco explorado no Brasil.

Quem aposta no potencial transformador desse setor é Thalita Vicentini, diretora do Grupo Náutica e coordenadora do São Paulo Boat Show, o maior salão náutico da América Latina.

À frente de um dos eventos mais importantes do calendário do setor, Thalita acompanha de perto o crescimento do mercado náutico e acredita que o Brasil pode se tornar uma potência nesse segmento. 

Segundo ela, investir no turismo náutico é investir em desenvolvimento regional, geração de empregos, incentivo à economia local e valorização do nosso patrimônio natural.

Turismo náutico no Brasil

Nesta entrevista, Thalita compartilha sua visão sobre como o turismo náutico pode se tornar uma verdadeira alavanca econômica para o país, além de comentar os desafios e oportunidades para que o Brasil conquiste o espaço que merece nesse mercado em expansão.

O Brasil tem a maior reserva de água doce do planeta e uma das maiores costas litorâneas do mundo. Como o país pode transformar esse potencial natural em motor para o turismo náutico?

O Brasil reúne características únicas: milhares de quilômetros de litoral, rios navegáveis, represas e lagos de águas calmas. Esse potencial, se organizado e promovido, pode colocar o turismo náutico como um dos principais motores da nossa economia. 

Para isso, é preciso investir em infraestrutura de marinas e píeres, em políticas públicas de incentivo à navegação e em campanhas que mostrem ao brasileiro e ao turista estrangeiro que navegar aqui é seguro, acessível e encantador.

A França, os Estados Unidos, a Itália e a Croácia já provaram que água é sinônimo de desenvolvimento turístico, o Brasil pode ir ainda mais longe. Quando ampliamos o acesso às águas, democratizamos o lazer, geramos empregos e fortalecemos a economia.

Na sua visão, quais são os principais gargalos que ainda limitam o crescimento desse setor no Brasil?

Os principais gargalos ainda estão na infraestrutura, na burocracia e na legislação. O país precisa de mais marinas, píeres e pontos de apoio bem estruturados, além de políticas que simplifiquem desde a fabricação até o acesso às embarcações. 

Por outro lado, a boa notícia é que estamos avançando: os estaleiros estão cada vez mais fortes, surgem serviços especializados e iniciativas que aproximam o público da náutica. O caminho é longo, mas o setor já mostra que tem capacidade de crescer e se consolidar como um dos motores do turismo brasileiro.

A preservação ambiental brasileira

Como o turismo náutico pode dialogar com a valorização cultural das comunidades ribeirinhas e costeiras do Brasil?

O turismo náutico não deve ser apenas contemplativo, mas também uma ponte cultural. Ao navegar pela Amazônia, pelo Pantanal ou pelo litoral nordestino ou até mesmo pelas águas de Angra dos Reis, o visitante tem a chance de vivenciar a gastronomia local, conhecer o artesanato, ouvir histórias e se conectar com tradições. 

Se bem estruturado, o turismo náutico pode gerar renda para comunidades ribeirinhas e costeiras, fortalecendo a cultura local e criando experiências autênticas que diferenciam o Brasil no cenário internacional.

Como equilibrar crescimento econômico e preservação ambiental em regiões de grande potencial náutico, como a Amazônia ou o Pantanal?

O pilar central é a educação. É preciso incentivar e conscientizar turistas para que a navegação seja feita de forma responsável. 

Assim como fazemos com a campanha “Só jogue na água o que a água pode receber”, o setor deve trabalhar constantemente para criar uma cultura de respeito ao meio ambiente. O crescimento só será sustentável se preservar a natureza que é, justamente, o principal atrativo.

O São Paulo Boat Show é hoje o maior evento náutico da América Latina. Como ele tem
contribuído para impulsionar o setor e para colocar o Brasil no mapa global do turismo náutico?

O São Paulo Boat Show é muito mais que um salão: é a grande vitrine do Brasil para o mundo. 

Em seis dias, o evento reúne os principais estaleiros, fornecedores, serviços, destinos turísticos e milhares de apaixonados pela vida no mar, nos rios e nos lagos. Ali, o visitante encontra desde barcos de entrada até embarcações de luxo de grande porte, com mais de 170 barcos à venda e mais de 120 marcas em exposição.

Além de impulsionar negócios, o evento projeta a imagem do Brasil como um player global da náutica e mostra que o setor tem força, movimenta a economia do mar e apresenta muitos atrativos para quem tem ou sonha ter um barco.

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