As mulheres sempre foram julgadas e estereotipadas pois eram “feitas” para determinadas funções dentro da sociedade. O pensamento de que elas devem cuidar de trabalhos domésticos, do marido e dos filhos existe até os dias de hoje.
Para comemorar o Dia Internacional da Mulher, entrevistei algumas mulheres incríveis com formações em diferentes áreas do conhecimento, que mostraram como é enfrentar o machismo dentro do seu ambiente de trabalho e na faculdade durante o dia a dia.
A maioria das pessoas que frequentam a minha faculdade moram por perto, então todo mundo vai andando até um dos campus e o assédio já começa aí né? Ainda na rua já fui perseguida por carro com homens dentro, amigas já foram perseguidas por um cara de moto que seguia as mulheres e mostrava seu órgão, até mesmo universitários já perseguiram mulheres de carro dizendo coisas e ameaçando.
Em festas universitárias já teve caso de beijo “sem querer”, de homem fingindo estar bêbado demais e caindo no meu rosto ou no colo. Mas têm casos mais pesados, comigo foi um cara que eu tinha intimidade e ele se sentiu no direito de tentar transar comigo enquanto eu dormia e estava dopada de remédio (que ele sabia que eu usava). Descobri vários casos de amigas que passaram por situações parecidas e então e decidimos fazer um grupo com mulheres da faculdade e moradoras da cidade também. Encontramos um cara que estuprou 8 meninas e acabamos expondo vários da lista que fizemos (cuja deu mais ou menos 69 nomes de abusadores e estupradores) e tivemos a iniciativa de criar o coletivo Corpo e Regra como projeto de extensão da faculdade. Me aliviou muito ter apoio e conseguir apoiar outras mulheres também.
Anônimo
Tenho que provar que sei o que estou fazendo ou falando a todo momento, mesmo dentro da sala de aula, já teve situação do próprio professor começar a rir da minha cara e me desacreditar. Tenho que me explicar a todo momento para poder participar. O maior problema é a questão do espaço de fala, você precisa mostrar que sabe se impor e que merece estar na faculdade a todo momento. Já fui muito desacreditada por outros alunos por querer atuar na área esportiva e ser mulher, mas tive muita sorte de ter mentores, homens ou mulheres, que sempre me apoiaram.
Juliana Santana, direito
Além da clara diferença salarial, o assédio e abuso (seja físico ou psicológico) e a dificuldade para serem levadas a sério ainda são grandes desafios para serem superados.
Muitas vezes uma mulher não é selecionada em uma vaga de emprego pelo simples fato dela ser uma mulher, não importa o seu currículo, capacidade ou experiência.
A desculpa mais usada nesses casos é que a mulher engravida e precisa de licença maternidade e acaba se tornando um funcionário mais caro para a empresa e por esse motivo, precisa pagar durante toda a sua carreira. E mesmo assim, muitas mães são demitidas assim que voltam da licença-maternidade e encontram dificuldades para voltarem para o mercado de trabalho.
Trabalhava em uma empresa muito preconceituosa, além de ser muito humilhada lá, quando fui despedida me deram a desculpa de que queriam cortar custos mas eu ganhava um salário mínimo e meu supervisor ganhava o dobro. A desculpa que eles me deram foi sem nexo e deixou claro que o motivo real era homofobia.
Na minha faculdade, tive uma professora que dava exclusividade para os meninos. Quando fazia trabalho com um grupo onde apenas eu era mulher, todos ganhavam uma nota maior que a minha, sendo que o trabalho era o mesmo. Durante as aulas era perceptível que o tratamento e a atenção com os homens eram diferentes.
Isabela Veloso, contabilidade
A lei 1.723/1952 que diz a todo trabalho de igual valor prestado ao mesmo empregador, na mesma localidade, corresponderá igual salário, sem distinção de sexo, nacionalidade ou idade.” é simplesmente ignorada por muitas empresas.
Segundo estudos do IBGE, a desigualdade salarial entre os anos de 2012 e 2018 foi possível ver uma leve diferença nessa desigualdade, mas ainda está longe de ser o ideal, já que as mulheres ainda ganham cerca de 20,5% menos que os homens.
Naquela época eu não fazia faculdade porque precisava de um emprego fixo e uma estabilidade financeira, mas o meu tio uma vez veio me perguntar se o meu namorado trabalhava e estudava e respondi que sim, e nisso ele disse “é assim mesmo, ele que te banca e você segue dependente” me olhando como se eu não pudesse ter um futuro.
Gabrielli Souza, design de interior
Quando estava na faculdade alguns meninos da minha sala já rebaixaram muito as meninas por pouca coisa, sabe… “ah, mas você é menina, não pode entrar numa construção e falar o que deve ser feito”. Eu já ouvi coisas desse tipo e os professores praticamente cagavam pra isso. A maioria dos professores eram homens, e eles não ligavam pra nada além do dinheiro no bolso.
Yasmin de Paula, arquitetura
Ser estudante não é fácil, mas ser estudante e mulher, é mais difícil ainda. Muitas pessoas não pensam duas vezes antes de fazer um comentário maldoso. Muitas mulheres não seguem a tão sonhada carreira por medo do que as pessoas vão pensar, ou do que pode sofrer dentro deste ambiente.
Um ótimo exemplo disso foi a Copa de 2018, que foi marcada por episódios de assédio. Entre muitos nomes, é possível citar a jornalista Bárbara Gerneza, que além de receber uma tentativa de um beijo forçado, um grupo a cercou e começou a cantar músicas de cunho sexual para ela.
Os casos de beijos forçados durante toda a transmissão desse grande evento foi muito grande, mostrando o motivo de muitas mulheres não se sentirem bem no momento de escolher sua carreira.
A maioria das áreas médicas são predominantemente masculinas, e as áreas consideradas “femininas” são sempre relacionadas a maternidade, estética e fatores que correspondem ao estereótipo da mulher ocidental, uma figura delicada, frágil e maternal. Me sinto valorizada e incentivada quando trabalho com outras mulheres. Quando em companhia de homens, vejo que tendem a fazer comentários sugerindo que deveria buscar “áreas mais femininas” e que sou muito delicada para determinadas tarefas. Frases como “você é tão delicada para ser ortopedista” é muito comum.
Me sinto diminuída profissionalmente quando algum cirurgião me convida para o acompanhar e faz alusão a minha beleza física, e sequer cogita explorar minhas habilidades intelectuais ou físicas.
Em geral, a mulher sofre com a dupla jornada de trabalho, e esse é um dos fatores que mais influenciam tanto na escolha da especialidade quanto nas escolhas pessoais. O grande desafio da mulher é consolidar uma carreira sem ceder seus objetivos pessoais, como a maternidade, o casamento, e todas as expectativas e responsabilidades que são socialmente delega a mulher.
Laís Cordeiro, medicina
Antes a arquitetura era um mundo extremamente masculino, tanto é que quando se estuda arquitetura a maioria dos nomes famosos são masculinos e só recentemente têm ressaltado arquitetas famosas. Enquanto eu e algumas meninas estávamos na faculdade, tínhamos que pedir pros professores falarem sobre as arquitetas mulheres.
Muitas pessoas me falavam “você vai fazer arquitetura né? Realmente, é mais delicado, feminino, você vai adorar decorar as casas… Engenharia é mais masculino mesmo” e muitas mulheres sentem dificuldade de tocar obras por conta desse preconceito mas isso é algo que tem mudado mais com o tempo
Também acontece de comentários dos professores (homens) diminuir o trabalho de algumas alunas mulheres. Já ouvi de um amigo “espero que o professor X te leve a sério e não te desmereça”, quando estava indo apresentar um trabalho.
Victoria Prado, arquitetura
É possível ver que não importa a área que uma mulher escolha, o julgamento sempre estará presente.
Os desafios são inúmeros, mas as mulheres continuam a lutar por seu lugar no mundo todos os dias. Ao longo dos anos muita mudança aconteceu, mas ainda está longe de ser o ideal.
[…] ocorrido, mostrando que a sociedade mexicana está em um processo contínuo de desconstrução de padrões prejudiciais e avançando em direção à igualdade de gênero, mesmo que seja em passos […]
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