História Mulher Saga

O médico que desafiou o machismo

Um dos médicos mais famosos do século 19 foi James Barry, mais conhecido como Margaret Ann Bulkley, uma mulher nascida em County Cork, na Irlanda.

Pois é, o médico James na verdade era uma mulher.

A origem do disfarce: quem é James Barry?

Na virada do século XIX, mulheres eram proibidas de estudar medicina em quase toda a Europa.
Determinada a mudar seu destino, Margaret criou uma nova identidade: James Barry.

Com a ajuda de amigos influentes e uma grande dose de coragem, ela conseguiu ingressar na Universidade de Edimburgo, na Escócia, uma das mais prestigiadas escolas de medicina do mundo.

Seu plano era simples: formar-se, viajar para a Venezuela (onde seu tio havia prometido um cargo médico) e, enfim, revelar a verdade.

Mas o destino mudou seus planos: seu tio morreu, e Margaret teve de manter o disfarce pelo resto da vida.

Um médico à frente do seu tempo

Formada como James Barry, Margaret ingressou no Exército Britânico, onde serviu como médico por mais de 40 anos.

Durante sua carreira, fez descobertas e defendeu ideias médicas que só seriam reconhecidas décadas depois.

Barry acreditava que a higiene e a limpeza eram essenciais para prevenir doenças, uma visão revolucionária numa época em que os médicos sequer lavavam as mãos entre cirurgias.
Graças a isso, salvou centenas de vidas e ficou conhecido por seu rigor e competência excepcionais.

Conquistas históricas

Entre suas maiores realizações, destacam-se:

  • Combate à cólera e à lepra na África, salvando milhares de vidas;
  • Melhoria nas condições dos hospitais militares e nas práticas de enfermagem;
  • E a primeira cesariana bem-sucedida da África, na qual mãe e filho sobreviveram, um feito raríssimo para a época.

Sua reputação o levou a ocupar cargos de prestígio, e Barry se tornou inspetor-geral de hospitais militares, o posto médico mais alto do exército britânico.

O segredo revelado de James Barry

Apesar de sua carreira brilhante, James Barry também viveu sob o peso dos rumores. Na época, surgiram boatos de que mantinha um relacionamento com o político Charles Somerset, o que gerou escândalo, afinal, acreditavam que ambos eram homens.

Mesmo assim, Barry seguiu dedicada à medicina até o fim da vida. Já idosa e doente, retornou à Inglaterra, onde faleceu em 1865.

Após sua morte, uma enfermeira responsável pelo corpo notou algo inacreditável: James Barry era, na verdade, uma mulher.

Mais do que isso, as cicatrizes em seu abdômen indicavam que Margaret já havia tido um filho.

A revelação abalou o meio científico, e por muitos anos, o governo britânico tentou esconder a verdade para “preservar a reputação do exército”.

O legado de James Barry

Hoje, James Barry é lembrado como um símbolo de coragem, inteligência e resistência feminina.
Sua história nos lembra que o talento e a dedicação não têm gênero, e que muitas vezes, para mudar o mundo, é preciso desafiar as regras impostas pela sociedade.

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