O cantor e compositor irlandês Hozier, conhecido mundialmente pelo hit Take Me to Church, não é apenas um artista da música, é também um artista de palavras.
Com uma discografia marcada por referências literárias e poética, Hozier tem chamado a atenção de fãs e críticos que encontram em suas letras ecos de autores clássicos, mitologia, religião e crítica social.
Desde seu álbum de estreia, Hozier mostra que suas composições não são apenas melodias marcantes, mas também textos densos e cheios de camadas interpretativas.
Em muitas canções, ele evoca figuras mitológicas, passagens bíblicas e até obras literárias para construir narrativas profundas sobre amor, identidade, política e espiritualidade.
Referências literárias
A canção Like Real People Do, por exemplo, traz um lirismo que remete à tradição poética irlandesa — com tons que lembram os poemas de W.B. Yeats e Seamus Heaney, ambos mestres em tratar da morte, da natureza e da memória com delicadeza simbólica.
Já em Nina Cried Power, Hozier presta homenagem a ícones da luta por direitos civis, como Nina Simone, combinando música, história e literatura política em um hino de resistência.
Em seu segundo álbum, Wasteland, Baby!, o título e algumas faixas dialogam diretamente com a obra de T.S. Eliot, especialmente o poema The Waste Land, um marco da literatura modernista do século XX.
Assim como Eliot, Hozier aborda um mundo fragmentado, repleto de angústias e buscas espirituais.
A canção No Plan toca em temas existenciais que remetem a autores como Albert Camus e Samuel Beckett, trazendo a ideia de um universo indiferente, onde ainda assim o ser humano busca sentido, seja no amor, na arte ou na rebeldia.
Mitologia e religião como metáforas modernas
Hozier frequentemente usa mitologia grega e cristã como estruturas simbólicas para falar de temas atuais. Em Talk, ele reinterpreta o mito de Orfeu e Eurídice, sugerindo que olhar para trás pode ser fatal, enquanto Take Me to Church usa a linguagem da religião para denunciar a hipocrisia institucional e defender o amor em sua forma mais humana.
Sua habilidade em usar esses elementos de maneira acessível e emocionalmente poderosa é o que torna sua música especial, já que Hozier é, ao mesmo tempo, um contador de histórias antigo e um cronista moderno.