Você já parou para pensar que a tradução existe desde os primeiros passos da humanidade em direção à escrita?
Antes mesmo de se tornar uma profissão reconhecida, traduzir era uma prática essencial para que ideias, histórias e crenças ultrapassassem fronteiras.
E é justamente isso que torna a história da tradução tão fascinante: ela acompanha a evolução da nossa própria civilização.
A tradução na Mesopotâmia
A Epopeia de Gilgamesh, considerada uma das obras literárias mais antigas da humanidade, nasceu na Mesopotâmia há mais de 4 mil anos.
Escrita originalmente em sumério e depois em acádio, a obra foi sendo copiada, adaptada e traduzida ao longo dos séculos. Essa prática não apenas preservou o texto, mas também permitiu que diferentes povos conhecessem a saga do lendário rei de Uruk.
Essa primeira experiência mostra como a tradução já era vista como ferramenta de preservação cultural, um elo entre gerações e povos.
Os monges budistas
Séculos mais tarde, no Oriente, monges budistas dedicaram suas vidas a traduzir textos sagrados indianos para o chinês.
Essa tarefa não era simples: eles precisavam encontrar equivalentes para conceitos espirituais que não existiam na língua chinesa. Mais do que palavras, traduziam ideias, filosofias e visões de mundo.
Graças a esse trabalho monumental, o budismo se espalhou pela Ásia, mostrando que a tradução podia ser também um ato de expansão espiritual e cultural.
A Pedra de Roseta
Em 196 a.C., no Egito, surgiu um dos maiores marcos da história da tradução: a Pedra de Roseta.
Nela, o mesmo texto foi escrito em três sistemas diferentes, hieróglifos, demótico e grego.
Séculos mais tarde, em 1799, arqueólogos franceses redescobriram a pedra. Foi ela que permitiu a decifração dos misteriosos hieróglifos egípcios, abrindo as portas para que pudéssemos compreender toda a riqueza da civilização faraônica.
A Pedra de Roseta é um lembrete poderoso de como a tradução pode revelar segredos escondidos no tempo.
A primeira tradução literária: Homero em latim
Por volta de 250 a.C., o poeta Lívio Andrônico fez algo revolucionário: traduziu a Odisseia de Homero do grego para o latim. Esse ato é considerado a primeira tradução literária conhecida.
O impacto foi enorme: ao dar voz em latim ao herói Odisseu (Ulisses), Andrônico ajudou a moldar a literatura romana e abriu caminho para que gerações futuras tivessem acesso a uma das maiores epopeias da Antiguidade.
Por que olhar para trás importa?
Seja para manter viva uma epopeia, espalhar ensinamentos espirituais, decifrar uma civilização ou dar novos rumos à literatura, a tradução é uma das forças mais transformadoras da humanidade.
E se hoje você lê livros estrangeiros, assiste filmes legendados ou navega na internet em diferentes idiomas, tudo isso é fruto de uma longa tradição que começou milhares de anos atrás.
Para entender mais sobre o assunto, entrevistamos uma especialista na área, ouça a entrevista na íntegra.
