Quando falamos da Ditadura Militar no Brasil (1964–1985), não estamos apenas revisitando um capítulo sombrio da nossa história, estamos olhando para cicatrizes que ainda influenciam nossa sociedade.
Foram 21 anos de censura, repressão e medo, mas também de resistência criativa e coragem.
Como começou a Ditadura no Brasil?
A ditadura se instaurou em 1964, após um golpe militar que depôs o então presidente João Goulart. Com apoio de setores empresariais, da mídia e do governo dos Estados Unidos, os militares assumiram o poder com a promessa de combater o “perigo comunista”.
Logo, o que era para ser provisório se tornou um regime autoritário prolongado, marcado pela suspensão de direitos políticos, fechamento do Congresso e censura severa à imprensa.
A violência e a repressão durante o regime
A repressão foi um dos pilares do regime. O Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) e o Centro de Informações do Exército (CIE) foram alguns dos órgãos responsáveis por perseguir opositores.
Prisões arbitrárias, tortura e assassinatos eram práticas comuns. Centros clandestinos de detenção funcionavam em todo o país e estudantes, jornalistas, artistas e militantes eram os principais alvos.
Muitas pessoas simplesmente desapareceram, e até hoje dezenas de famílias não sabem o que aconteceu com seus entes queridos.
Criatividade e resistência
A censura impedia qualquer crítica ao regime, então jornalistas e artistas precisaram driblar o silêncio com criatividade.
- Músicas com duplo sentido: canções como as de Chico Buarque, Caetano Veloso e Gilberto Gil escondiam mensagens políticas por trás de metáforas e letras aparentemente inofensivas.
- Receitas de bolo em jornais: quando os censores cortavam reportagens inteiras, os jornais publicavam receitas de bolo no lugar, um sinal silencioso para o público de que havia algo sendo escondido.
- Teatro e literatura simbólicos: peças e livros usavam personagens e enredos alegóricos para criticar o regime sem serem censurados diretamente.
Essa resistência cultural ajudou a manter viva a chama da liberdade de expressão.
Pessoas famosas que foram presas
Várias personalidades conhecidas da cultura brasileira foram perseguidas e presas durante o regime, como por exemplo:
- Chico Buarque foi interrogado e teve músicas censuradas
- Caetano Veloso e Gilberto Gil foram presos e depois exilados
- Zuzu Angel, estilista, passou a denunciar os crimes da ditadura após o desaparecimento de seu filho Stuart Angel
- Vladimir Herzog, jornalista, foi morto sob tortura em 1975, num caso que gerou comoção nacional
Essas histórias mostraram que ninguém estava imune à repressão.
As consequências da Ditadura no Brasil
Mesmo após o fim do regime, suas marcas ainda estão presentes, como a falta de julgamento dos culpados, muitos agentes da repressão nunca foram julgados ou punidos.
Muitos sobreviventes da tortura carregam até hoje sequelas físicas e emocionais, já que o autoritarismo deixou uma herança de medo e descrédito em relação à política.
A Comissão Nacional da Verdade, criada décadas depois, buscou esclarecer esses crimes, mas muitos casos permanecem em aberto.
Falar sobre a Ditadura Militar no Brasil não é reviver o passado por nostalgia, mas por responsabilidade. Entender as violações e os abusos cometidos é essencial para que nunca mais se repitam.
