Na mitologia asteca, os deuses não eram apenas poderosos, eles também tinham emoções, medos e estratégias curiosas para escapar do destino.
Um dos exemplos mais fascinantes é o do deus Xólotl, irmão gêmeo do Sol, que se transformou em diferentes criaturas, incluindo uma salamandra, para não ser sacrificado.
Essa história é cheia de simbolismo e mostra como a cultura mexicana via a vida, a morte e a transformação.
Quem era Xólotl?
Xólotl era o deus asteca do entardecer, da escuridão, dos relâmpagos e dos espíritos dos mortos. Irmão gêmeo de Quetzalcóatl, o deus da vida e do vento, ele também tinha a missão de guiar as almas no submundo, o Mictlán.
Era representado com traços caninos, por isso é frequentemente ligado aos cães e ao famoso Xoloitzcuintli, uma raça ancestral mexicana.
A fuga da morte
De acordo com os mitos, os deuses se sacrificaram para colocar o Sol em movimento após a criação do mundo. Mas Xólotl, ao saber que também teria que morrer, tentou escapar de seu destino.
Para isso, ele se transformou em milho, depois em maguey (uma planta sagrada) e, por fim, em uma salamandra aquática, conhecida como axolote.
Apesar de todos os disfarces, ele foi descoberto e capturado. Ainda assim, sua última forma, o axolote, ficou eternizada na natureza, e hoje o animal é símbolo de regeneração, resistência e dualidade, heranças diretas da lenda de Xólotl.
O que é um axolote?
O axolote é um anfíbio típico do México, com aparência de quem está sorrindo o tempo todo e a incrível capacidade de regenerar membros e até partes do cérebro.
Ele vive permanentemente em estado larval, como se se recusasse a crescer, uma metáfora perfeita para Xólotl, o deus que se recusou a morrer.
Por causa dessa ligação com o mito, o axolote se tornou um símbolo cultural, espiritual e ecológico do México. Hoje, ele está ameaçado de extinção, e muitas campanhas de conservação o associam à história de Xólotl, o deus que virou salamandra para continuar existindo.
