Entre os muitos mistérios da história britânica, poucos são tão intrigantes quanto o desaparecimento dos Príncipes na Torre.
Eduardo V e seu irmão, Ricardo de Shrewsbury, duque de York, eram filhos do rei Eduardo IV e da rainha Elizabeth Woodville. Após a morte do pai em 1483, os dois jovens foram levados para a Torre de Londres e nunca mais foram vistos. O episódio se tornou um dos maiores enigmas da monarquia inglesa.
A ascensão interrompida
Eduardo V, o primogênito, tinha apenas 12 anos quando foi declarado rei. Contudo, antes que sua coroação oficial acontecesse, seu tio, Ricardo, duque de Gloucester, alegou que o casamento entre Eduardo IV e Elizabeth era inválido.
Com isso, os dois príncipes foram considerados ilegítimos pelo Parlamento, uma manobra política que abriu caminho para que Ricardo fosse coroado como Rei da Inglaterra.
Após a ascensão de Ricardo III ao trono, os meninos foram isolados e proibidos de manter contato com familiares. A partir desse momento, o silêncio tomou conta da corte.
Os príncipes foram vistos pela última vez em uma das torres do castelo, de onde desapareceram sem deixar vestígios.
A Torre de Londres, onde os príncipes foram mantidos, era oficialmente um local de proteção para membros da realeza, mas historicamente também funcionava como prisão e local de execuções. O cenário sombrio e silencioso que envolveu os garotos apenas intensificou o mistério.
Teriam sido assassinados?
A principal teoria histórica aponta que Ricardo III teria ordenado a morte dos sobrinhos, temendo que seus direitos ao trono fossem reivindicados no futuro. O historiador e estadista Thomas More escreveu, em 1513, a obra The History of King Richard III, na qual detalha como os meninos teriam sido sufocados enquanto dormiam.
Segundo More, os executores teriam sido dois homens: Miles Forest e John Dighton. No entanto, muitos especialistas questionam essa versão. O próprio More era apenas uma criança na época do desaparecimento e, portanto, suas fontes são incertas.
Ricardo III: vilão ou vítima?
Embora tenha morrido em 1485, durante a Batalha de Bosworth, Ricardo III continuou sendo alvo de críticas por sua suposta participação no desaparecimento dos sobrinhos.
Sua reputação foi eternizada por William Shakespeare, que o retratou como um monarca cruel e manipulador.
No entanto, há estudiosos que defendem a reinterpretação da história e agumentam que Ricardo III pode ter sido vítima de propaganda política dos Tudors, que assumiram o poder logo após sua morte.